quarta-feira, 30 de janeiro de 2008
terça-feira, 29 de janeiro de 2008
Lixo Urbano

À noite, saíam pela cidade revolvendo o lixo. Para sobreviver, vendiam sucata. Os sacos, abertos e rasgados, expunham os dejetos da cidade sujando as ruas. Gatos e ratos espalhavam a imundície.
Josias ficara há pouco sem emprego. Consciente, depois de vasculhar os sacos, recolhia a sujeira e os fechava.
Os outros acharam que ele lhes atrapalhava o “serviço”, enganando-os e fazendo-os perder tempo. Deram-lhe violenta surra, deixando-o junto aos sacos abertos, desacordado, quase morto, um lixo!
Josias ficara há pouco sem emprego. Consciente, depois de vasculhar os sacos, recolhia a sujeira e os fechava.
Os outros acharam que ele lhes atrapalhava o “serviço”, enganando-os e fazendo-os perder tempo. Deram-lhe violenta surra, deixando-o junto aos sacos abertos, desacordado, quase morto, um lixo!
escrito em 26-01-2008
segunda-feira, 28 de janeiro de 2008
Mosaico
Passou muito tempo aconselhando pessoas. Um dia, ao olhar-se no espelho, viu o imenso mosaico composto pelos traços dos que haviam preenchido sua vida. Havia aprendido a ver por dentro.
escrito em julho de 2007
sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
Máfia da morte

Já tinha noventa, quando o médico da família atestou seu óbito. Tinha deixado ordem escrita para cremação de seu corpo e assim foi encaminhado. A família voltaria no dia seguinte para buscar a urna com as cinzas.
Despertou em meio a muitos corpos, alguns já em decomposição. Pilhas de caixões ocupavam o lado oposto da sala do forno.
Foi de lá que ouviu alguém dizendo: Tem espaço para mais um! Tira rápido que este caixão é dos bons, vamos faturar novamente!
escrito em 12-12-2007
terça-feira, 22 de janeiro de 2008
Série contos e fábulas - Alegria de Príncipe
O príncipe descobriu que, quando foi convertido em sapo, Enrique, seu escudeiro, colocou três faixas de ferro rodeando seu coração. Enamorou-se. Largou a princesa com sua bola de ouro e foi-se, com seu amigo fiel,a brincar de espadas.
baseado em: O Rei Sapo ou A Bola de ouro dos irmãos Grimm
escrito em 03-01-2008
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segunda-feira, 21 de janeiro de 2008
Impressão atemporal
emprestada de zoobizarro.blogspot.com
Numa aldeia pra lá do fim do mundo, as crianças se agrupavam sedentas, ao pé da grande árvore, para ouvir o ancião. Suas palavras foram mais longe que os pássaros, tornando-se eternas em cada alma que impressionou. Ainda hoje, sopradas pelo vento, ouvem-se histórias do velho sábio que nunca soube ler nem escrever.
escrito em 31-12-2007
domingo, 20 de janeiro de 2008
Branca e Alegre
quinta-feira, 17 de janeiro de 2008
Sabedoria Gaélica
O menino percebia a necessidade da parcimônia. Quase não falava, pois havia barulho excessivo no mundo em que vivia. Em sua mente, entretanto, ia acumulando palavras necessárias. Um dia não lhe deram toda a comida desejada. Falou, então, pela primeira vez: - mais pão!
escrito em julho de 2007
quarta-feira, 16 de janeiro de 2008
Compaixão

A miséria grassava na cidade. Por todo lado pessoas vasculhavam lixeiras públicas, catando restos de comida. Ela passou a colocar merendas, bem lacradas, nos recipientes por onde passava. Às vezes percebia quando alguém as encontrava e a surpresa feliz fazia valer seu esforço. Um dia, entretanto, ao colocar a mão em uma lixeira foi mortalmente picada por um animal peçonhento. Alguém tinha pensado solução diversa para a pobreza!
escrito em 13-01-2008
segunda-feira, 14 de janeiro de 2008
domingo, 13 de janeiro de 2008
Grupo de oração
Naquele natal, resolveram distribuir alimentos, roupas e brinquedos aos pobres das ruas. Saíram à noite, vários carros em comboio, felizes e orgulhosos do bem que praticavam.
De repente, o medo tomou o lugar da vaidade. Saindo dos bueiros, como ratos, milhares de crianças ávidas, imundas e agressivas, cercavam os carros, quase arrancando os braços que se estendiam com as dádivas, brigando entre si pelo quinhão maior.
O grupo fugiu correndo, deixando nas sarjetas um lastro de doações e a idealização da misericórdia.
De repente, o medo tomou o lugar da vaidade. Saindo dos bueiros, como ratos, milhares de crianças ávidas, imundas e agressivas, cercavam os carros, quase arrancando os braços que se estendiam com as dádivas, brigando entre si pelo quinhão maior.
O grupo fugiu correndo, deixando nas sarjetas um lastro de doações e a idealização da misericórdia.
escrito em 24-12-2007
sexta-feira, 11 de janeiro de 2008
Automatismos
Ele detestava falar ao telefone e sempre passava o aparelho para a mulher sob qualquer pretexto, mesmo que ela estivesse em situações impossíveis, sob o chuveiro ou atendendo outra linha.
Assim foi-se uma vida. Ele, sempre avoado, ela irritando-se com sua falta de atenção.
Já idosos, ela estava na UTI, tomando soro e oxigênio, pois já quase não respirava. Durante a visita, o celular tocou e ele, como sempre, o estendeu para ela: - “é pra você!”.
Desta vez ela nem se alterou. Era a morte!
Assim foi-se uma vida. Ele, sempre avoado, ela irritando-se com sua falta de atenção.
Já idosos, ela estava na UTI, tomando soro e oxigênio, pois já quase não respirava. Durante a visita, o celular tocou e ele, como sempre, o estendeu para ela: - “é pra você!”.
Desta vez ela nem se alterou. Era a morte!
escrito em 24-12-2007
Bené, o pipoqueiro

Anoitecia e a carrocinha iluminada parecia mágica. Crescera ouvindo o sininho, correndo a buscar pipocas feitas na hora!
A cada aniversário, o mesmo ritual: - Mãe, guarda pro Bené?
A mãe guardava doces e balas que, no dia seguinte, ela levava alegre para o seu amigo. Num dia como estes, duas mãos fortes seguraram os pequenos seios que brotavam como milho empipocado. Correu desabalada. Choque, decepção, lágrimas!
A cada aniversário, o mesmo ritual: - Mãe, guarda pro Bené?
A mãe guardava doces e balas que, no dia seguinte, ela levava alegre para o seu amigo. Num dia como estes, duas mãos fortes seguraram os pequenos seios que brotavam como milho empipocado. Correu desabalada. Choque, decepção, lágrimas!
No chão da calçada, junto aos doces pisados, a confiança esmagada!
escrito em 03-01-2008
quinta-feira, 10 de janeiro de 2008
Invasão silenciosa
Anos sessenta:
Os “marcianos”, homenzinhos verdes, invadirão a Terra!
No novo século, não mais virão do espaço.
Mal os percebemos e já estão quase dominando o planeta! Invisíveis, invadem os corpos e aniquilam a resistência humana, sob desconhecidas e novas formas!
E, diante de crianças e adultos possuídos, os cientistas só sabem dizer: É uma virose!
E, diante de crianças e adultos possuídos, os cientistas só sabem dizer: É uma virose!
escrito em 02-01-2008
terça-feira, 8 de janeiro de 2008
A extinção dos Homo sauros
O mundo se separou em vários outros continentes.
As criaturas, cada vez maiores e numerosas, ocupavam espaços cada vez menores. Alguns chegaram a quase trezentos quilos e mais de dois metros de altura. Poluíram as águas e, por onde passavam, devastavam a vegetação.
Ervas e animais destruídos, a comida tornou-se totalmente artificial.
A agressividade aumentou. O espaço era cada vez mais exíguo. Morreram de fome e nas guerras. Eles se auto-aniquilaram.
Ervas e animais destruídos, a comida tornou-se totalmente artificial.
A agressividade aumentou. O espaço era cada vez mais exíguo. Morreram de fome e nas guerras. Eles se auto-aniquilaram.
escrito em 17-11-2007
segunda-feira, 7 de janeiro de 2008
Comunhão

Tinha verdadeira obsessão pela mulher. Não suportava a idéia de se afastar dela um só momento. Quando ela quis freqüentar a Igreja, ficou indócil enquanto não a acompanhou à missa. Nas palavras da consagração, o padre deu a solução para suas vidas: “Quem bebe meu sangue e come e minha carne, permanece em mim e eu nele”. Um cálice de sangue e um assado ao dia! Logo seriam um só para sempre!
escrito em 24-12-2007
domingo, 6 de janeiro de 2008
A raposa e as Uvas

A raposa faminta encontrou uma parreira cheia de uvas maduras, bem acima de sua cabeça. Ela não poderia abocanhá-las, mas o ar lhe trouxe cheiro de ovos e penas. Olhando os apetitosos cachos, pensou: - O senhor Esopo que me perdoe, mas gosto mesmo é do que posso alcançar! E atirou-se às galinhas!
escrito em 03-01-2008
sábado, 5 de janeiro de 2008
Solidão

megalomania- foto dudex
Nunca teve amigos. As pessoas estranhavam seu aspecto pouco comum.Depois de estudar por anos a fio, já conseguia esculpir. Fechou-se no atelier e já estava por terminar seu grande projeto. Imaginou alguém maior que ele. Queria ter um pai, um igual para conversar e acarinhar.
No orfanato onde crescera pessoa alguma conhecia sua origem.
escrito em 03-01-2008
sexta-feira, 4 de janeiro de 2008
O chapéu / e mais: Desejo de sapo
Naquele dia, em pleno sol, a mente de Ludloski pregou-lhe uma peça. Entalado entre a rua e o subsolo, já não se sabia morador da cidade ou dos esgotos. Ficou um bom tempo a pensar, até que a sombra de seu chapéu lembrou-lhe que não precisaria dele à cabeça se seu lugar fosse subterrâneo.
Bem, a não ser que tivesse um compromisso especial do lado de fora! Enfim, chegou à conclusão que chapéus não são de grande serventia quando se está confuso.
escrito em 03-01-2007
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Da série contos de fado e fábulas

Quando a princesa decidiu beijar o sapo, ele foi mais rápido e seu desejo se concretizou: ela transformou-se em perereca!
escrito em 03 01-2007
quinta-feira, 3 de janeiro de 2008
Catarina

Desde que a descobriu entre as paginas de um livro, Dimitri não mais conseguiu se separar daquela foto. Chorava copiosamente diante do olhar da mulher, cuja única referencia era um nome rabiscado no verso.
Seu clínico desistiu de medicá-lo contra o que chamou de obsessão.
Sem comer e sem dormir, em poucos meses Dimitri faleceu. Havia em seu rosto, um sorriso feliz. A foto de Catarina nunca mais foi encontrada.
Seu clínico desistiu de medicá-lo contra o que chamou de obsessão.
Sem comer e sem dormir, em poucos meses Dimitri faleceu. Havia em seu rosto, um sorriso feliz. A foto de Catarina nunca mais foi encontrada.
escrito em 03-01-2007
terça-feira, 1 de janeiro de 2008
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