desconheço o autor
Feita em madeira de lei, na juventude tinha sido reta, sóbria e elegante. A preferida para escrever, trabalhar, estudar e até para comer. Um dia, perna quebrada, lá ficou no sótão, pensando-se abandonada. Reformada, ganhou peso e importância, mudou aparência e uso. Convidava ao repouso e à leitura.
A estrutura forte recebeu molas e tecido resistente, tornou-se quase uma poltrona e, nas dobras do assento, passou a ocultar moedas, cacos de biscoitos, pequenos objetos, bilhetes perdidos...
Hoje, usada por alguém quase tão antigo, tem o tecido roto, molas gastas e rangentes e guarda a história de quase um século de roncos, sonhos, lassidão e odores disfarçados.
escrito em 24-02-2008 - 00h29’'