sábado, 31 de dezembro de 2011

ANO NOVO





Amanhã acabaria. Tinha certeza que sim. Deitou-se pouco antes da meia-noite e esperou. O clarão iluminou a cama, o estrondo dos fogos abafou o tiro. Despertaria em um novo ano, em nova vida, em outro lugar. Tinha certeza que sim!

escrito em 04-11-2011

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Ano Novo, vida velha!





Final de ano e o desejo de voltar no tempo. Não queria o novo, queria um ano velho, aquele em que havia sido tão feliz! No último minuto foi atendido e o passado tornou-se presente. Tanta energia, amor e vibração e não conseguia acompanhar. Tinha esquecido que já não era mais o mesmo!



escrito em 30-12-2011

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

NA BOCA DO POVO





Passando pela rua, em pouco tempo ouviu tantas palavras grosseiras que resolveu aproveitar a moda e ganhar com ela. Montou uma sex-shop e enriqueceu com os 'caralhos e porras' que antes, gratuitos, a agrediam.



escrito em 20-12-2011

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

nada a perder




Alarico já estava idoso. Um mal doído e grave corroia o resto de sua energia, da mesma forma que a barbárie minava a cidade, antes tão linda. Uma tarde, saindo do consultório, foi abordado por dois brutamontes: - passa duzentinhos ou te matamos.

- Não tenho e não daria se tivesse.

- Então vai levar bala, velhote!

- Me fazem favor. Tenho os dias contados e assim me livram da dor que sinto. Podem matar, agradeço.

Prontamente foi deixado na companhia de sua imunidade serena.


escrito em 19-12-2011

domingo, 18 de dezembro de 2011

DIVISÍVEL




Não se conhecia como indivíduo e nunca estava só. As fotos nas redes sociais, sempre com parceiro, denunciavam a dependência. Ao enviuvar quase morreu, não sabia respirar sozinha, não existia. Na UTI, se apaixonou pelo médico. Correspondida, teve alta. Estava novamente "inteira".



escrito em 17-12-2011




escrito em 17-12-2011

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

fatalidade uterina





Concebida na menopausa, a mãe tentou acabar com a gravidez. Infância compensada com mimos, não entendia medos e rancores que subitamente a possuíam. Na menopausa, sem filhos, desespero e revolta minaram suas relações.

Abortou-se.



escrito em 14-12-2011

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Na corda bamba



Gostava de suspense e temia que, pelo tédio do casamento, a mulher o traísse. Então , para assediá-la, transformava-se em personagens diversos. Ora era assaltante de estrada, invasor de sua própria casa, em seguida era o policial, o bombeiro, o vizinho voyeur, surpreendia a esposa com vestuários femininos e outros ainda mais bizarros.

Ela, desejosa de rotina e segurança , se apaixonou pelo porteiro do prédio.


escrito em 11-12-2011

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Presente


Sozinho e triste, no natal desejou mudar de vida. Ano novo, deitou-se cedo para evitar solidão. Ao acordar estranhou o lugar. No espelho, um outro êle. Sobre a mesa, o bilhete:

- O presente, sua nova vida.


escrito em 04-11-2011

Com açúcar e sem afeto




Sempre que comia os sonhos feitos pela mãe de seu marido tinha terríveis pesadelos.

escrito em 28-08-2011

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Simbiótico

simbiose- Gabriel Guerra


Não conseguia ser em separado. Quando a vida ia bem, distribuía risos e alegrias. Se estivesse infeliz, enquanto não envenenasse o ambiente à volta não tinha paz.

escrito em 06-12-2011