Precisava de um descanso mental. A mente saturada de letras e
ideias pedia repouso.
Começou por mergulhar alguns dicionários nas águas da baía
e vê-los submergir trouxe algum alento.
Depois foram os livros, pouco a pouco
esvaziando as estantes. Quando chegou a vez das poesias, relutou um pouco.
Afinal não pareciam tão responsáveis por sua exaustão. Eram leves e plenas de
sentimentos.
Ao final foi mergulhando o alfabeto. Uma a uma as letras
tentavam boiar, mas acabavam se desfazendo emboladas umas às outras.
Quando
chegou ao Z, titubeou. Poderia ser útil, parecia um bom
gancho para prender objetos, lembrava o zumbido dos insetos e até o sono que
chegava deixando seu corpo amolecido, despencando nas águas, seguindo o entulho
amorfo dos papeis que afundavam para nunca mais...
em 25-04-2017