Estava eu no quarto dos fundos, separando objetos sem serventia deixados pela tia Bertholda antes do retorno a São Petersburgo, sua cidade natal, quando ouvi um barulho pequenino e leve como o de um pássaro pousando na janela. Como não havia janela no aposento, poderia ser um rato, mas ratos não cantarolam notas musicais e nem projetam réstias de luz sobre o assoalho. E assim, seguindo o som e a luz, me deparei com a portinha minúscula na base da parede do quarto de despejos. Pois foi então que conheci o senhor Ernesto.
Meu inquilino, posso assim dizer, cantava lindas canções russas e seu apartamento era,sem sombra de dúvida,o 403!
Não preciso explicar que o Sr Ernesto fora exímio na arte de puxar, da minha morada, uma extensão de linha telefônica e outra de energia elétrica. Mas, consumia tão pouco o pequenino, bem menos que um passarinho!
Escrito em 25 de junho de 2008