segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Criador

Aquarela - borboleta- desconheço o autor



Imagens em profusão, plenas de colorido, invadiam sua imaginação despertando sentimentos adormecidos. No entanto, a mente embaçada não encontrava códigos que as pudessem expressar. Em pleno inverno criativo, as sementes do novo ciclo jaziam, ainda, submersas.



escrito em 27 de setembro de 2007

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Ano novo, vida nova.


Na casinha isolada, junto ao mar, a garotinha perguntava:
- mãe, o que é ano novo? A mãe se evadia.
Como esclarecer um conceito para uma criança tão pequena?
O pai, marinheiro, estava em viagem. Então, foram passar as festas com a avó, em outro condado.
Na volta, o Ano Novo se impôs e foi explicado sem dó ou piedade: um furacão levara a casa delas.

escrito em 28-12-2007

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

O Retorno da Luz

Charles Chaplin


Ele tinha conseguido não se contaminar pelo espírito comercial que cercava as festas de fim de ano. Entretanto, mantinha viva dentro de si, a fé e a esperança na superação dos invernos. Na época do Natal, a cada dia, contaminava ao menos uma pessoa com seu sorriso de luz!



escrito em 08-12-2007

domingo, 23 de dezembro de 2007

Insensatez urbana

foto de rua- Rio de janeiro



Quando nasceu, sua região era silenciosa e calma. Noites tranqüilas, o sono profundo acariciado por raios de luar, só despertava com o gorjeio dos pássaros. Aos poucos a cidade foi crescendo, ocupando espaços. As luzes elétricas e o barulho dos carros começaram a tirar o sossego das noites, não mais permitindo o repouso reparador.
Hoje, pelas artes da modernidade, ela não tem mais silêncio nem quietude. Poluída, sob sons constantes e desenfreados, tornou-se um ser aflito, nervoso e insone. E o desespero chegou desde que, em pleno verão, cobriram seu corpo com pequenas lâmpadas que, assim como erupções de varíola, a deixam com febre.
Feéricamente iluminada, sem um instante de repouso, a Árvore enfeita o Natal desvairado dos Homens.


escrito em 23-12 -2007

sábado, 22 de dezembro de 2007

Potências

Adrien Brody P&B


Seu nariz imenso era alvo de zombaria. Brincando dizia que, além de ter outras funções eróticas, correspondia ao tamanho de seu órgão sexual. Apaixonou-se e fez plástica. Depois da cirurgia tornou-se menos seguro e determinado. Seu pênis não alterou em tamanho, mas encolhia-se de medo!



escrito em 24-11-2007

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Memórias

7 AM, 1968- foto de Jan saudek


Sentia repulsa pelo corpo da mãe, pelo seu cheiro.
Imaginava coisas perdidas na infância. Depois que ela faleceu, o diário materno confirmou suas suspeitas.
Ele era posto na cama do casal sempre que o pai se ausentava.

escrito em 01-12-2007

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Um ciclo econômico


Jamais conheci alguém mais sovina. Até seu respirar era ansioso, como se temesse esvaziar-se. Inspirava então, intensamente, para compensar todo o ar perdido.

Um dia encontrou o lugar ideal para construir morada e jazigo eterno. O terreno continha uma árvore perfeita, cujo tronco largo e forte, permitiu a criação de um vão onde colocou o vaso para defecar.
Seus dejetos, caídos dentro do fosso, alimentavam terra e árvore. Satisfeito, devorava-lhe todos os frutos perfazendo o ciclo vital com a garantia de nada perder!





escrito em 16-12-2007


segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Cascudas

Margareth Rutherford as miss Marple






Leonor era uma velhinha, solteirona, pudica, apuradíssima! Sua casa, um primor! Tudo nos lugares e cheirando a limpo. Tinha horror de insetos e o spray contra os bichinhos andava sempre à mão. Um dia, era verão, deu de cara com uma barata enorme entrando pela janela da cozinha.
Seu terror foi total ao perceber uma outra andando no guarda louças. Em pouco tempo um enxame delas, gordas e marrons, ocupava toda a casa. Leonor caiu desmaiada e foi carregada para o jardim por um incontável numero de cascudas que, não se sabe como, aniquilaram a velha usando todo o arsenal de inseticida disponível. O cheiro do jardim ficou insuportável, mas as novas ocupantes fecharam a porta de entrada e se recolheram, pois já passava das sete!



escrito em 12-12-2007

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Consciência

desconheço o autor



Brincavam de rolar no chão, um sobre o outro, brigando como bons irmãos, às gargalhadas. De repente, o rubor subiu à face dos dois. Pararam para nunca mais.

escrito em 09-12 – 2007

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Pelotão, Sentido!




Durante quase toda a vida fora esposa de militar de alta patente. Viúva solitária e sem subalternos, a velha senhora, diariamente, ‘passava em revista’ as latas de mantimentos, os produtos na dispensa e os utensílios da cozinha.





escrito em 22-11-2007

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Bem me Care

cadê minhas-pilulas-desenho de Pedro de Helena-São Paulo



Sem trabalho e cheio de problemas, a pressão arterial andava descontrolada. Para prevenir, o médico acrescentou um remédio novo aos tantos que já tomava. Telefonou à farmácia e pediu a nova e potente droga salvadora. Ao receber o rapaz da entrega, caiu morto à porta da casa apertando entre os dedos a nota de caixa. O valor da compra excedia seu mísero seguro desemprego.



escrito em 8-11-2007

domingo, 2 de dezembro de 2007

Culpa

balsa - desconheço o autor


Passada a Lua de mel, a cada mulher que ele desejava, a foto do casamento sobre a mesa do escritório exibia um novo rosto feminino.