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Viviam nas ruas
do bairro elegante da zona
sul. Mãe, duas filhas e ele,
do pai nada sabiam. Volta
e meia adoeciam, comiam qualquer
coisa que alguém
lhes desse e brigavam, brigavam muito,
pela vida.
Um dia,
foram recolhidos e adotados por uma mulher
piedosa que cuidou
das feridas e doenças
de todos e tentou lhes
dar um lar.
Elas acabaram por voltar
às ruas. Ele, ainda
bem pequeno e muito
lindo, foi sendo cuidado
e encantado. Ganhou irmãos, era
bem alimentado, vivia com conforto
e muito se divertia correndo e brincando nos
intervalos das carícias
do dia e da noite. Recebeu até
um apelido,
condizente com sua pequenez.
Passado
quase um ano
começou a emagrecer independente do que
comia e dos exames que
nada acusavam. Devia ser seu
biótipo, alongado e esguio.
Ontem,
noite alta, deixou-se
morrer. Talvez não
percebessem que se sentia preso, infeliz,
desconfortável com
o conforto.
Tinha
nascido para ser gato
de rua.
23 de abril de 2015