
Crescera entre mulheres solitárias e conhecia suas dores. No lugar onde vivia elegeu duas solteironas e passou a enviar-lhes cartas de amor. Na madrugada deixava sob as soleiras seu presente amoroso, ora contendo uma flor, às vezes antigo e sugestivo cromo. Quando as via de soslaio entre as cortinas, debruçadas nas sacadas ou saindo às ruas com um sorriso nos lábios, voltava à casa satisfeito. Foi assim até sentir-se cansado e doente. Precisava encerrar a corte solitária sem causar sofrimento. Suas últimas cartas foram entregues, acompanhadas por um bom-bom delicadamente impregnado com cianureto.
escrito em 30-03-2009