terça-feira, 29 de abril de 2008
domingo, 27 de abril de 2008
Prisão

Prisioneira do terror que a possuiu desde o dia em que foi agredida, a menina só aceitava a companhia de seu ursinho ao qual se agarrava. Tensa e triste, mantinha a seu lado um facão para usar em sua defesa. Ainda não tinha consciência de estar liberta. Há dias, estava morta.
escrito em 27-04-2008
quarta-feira, 23 de abril de 2008
Silêncios e lágrimas
Àquela hora tardia, o lugar estava calmo e vazio. A chuva tinha feito o necessário para que os silêncios pudessem ocupar o lugar e conversar às lágrimas partilhadas. Sobre as mesas, despidas do bulício da freguesia costumeira, foram servidos, pouco a pouco, todos os sentimentos vividos e presenciados ao longo de muito tempo. O final da tarde e a noite foram muito especiais, inesquecíveis poder-se ia dizer e, ao raiar do dia, até o sol sentiu-se inibido e não apareceu.
Escrito em 20-04-2008 02h22'
segunda-feira, 21 de abril de 2008
Antes que

Ela foi até ali e voltou rapidamente. Na esquina, seu reflexo a esperava na vidraça da sorveteria. Olhou, gostou, percebeu que a alma pedia carona naquela imagem leve e gentil, mas um pequeno traço no canto do olho esquerdo deu-lhe o sinal da precariedade de sua harmonia. Ouviu uma gargalhada sonora, a buzina forte e o som estridente da freada e do baque surdo. Voltou correndo. Precisava entrar em casa e, em seu espelho, retocar o canto do olho esquerdo para que a alma estivesse de acordo com seu resto. Pois tudo era resto. E seria ainda mais, quando o baque fosse o som de seu corpo desistindo de vez.
Escrito em 19-04-2008
sábado, 19 de abril de 2008
Ampulhetas

Menino do campo, via o tempo passar olhando a luz caída no horizonte. Descobriu o relógio de areia e o brilho do sol, refletido nos grãos irisados, o relaxava das tensões escolares. Sobre a mesa de trabalho, em cristal e ouro, a ampulheta escorre milhares de diamantes por segundo. O poder roubou-lhe o brilho do tempo.
escrito em 12-03-2008
terça-feira, 15 de abril de 2008
Sem travessias

Caronte andava exausto! Há séculos remava pra lá e pra cá, o mundo crescia e os mortos também. Pediu em vão a Poseidon o afundamento de um novo continente, o que o libertaria de muito trabalho. Chegou a alugar um transatlântico, mas as hecatombes e epidemias geravam passageiros aos milhares. O dinheiro corria solto e o óbolo não era mais problema. Fez um trato com Hefestos e inauguraram os crematórios.
escrito em 07-04-2008
sexta-feira, 11 de abril de 2008
Escritor Brilhante

Evitava se expor. Tímido, vivia à noite, escrevendo. Morava num porão e fugia de gente. Com o passar dos anos, começou a perceber uma luz que o seguia. Nas ruas, entrava em cantos e becos, mas ela ali estava, sempre.Já se julgava louco, seriam alucinações? Pessoas o olhavam entre sorrisos e sustos ao
vê-lo se esgueirar pelas calçadas. Naquela tarde, percorreu outros caminhos, mas ao se enfiar no vão de um muro, cegou-se com holofotes.
Foi recebido com palmas e risos pelos que o aguardavam para filmar sua vida!
Foi recebido com palmas e risos pelos que o aguardavam para filmar sua vida!
escrito em 06-04-2008
terça-feira, 8 de abril de 2008
segunda-feira, 7 de abril de 2008
Dafne

Vivia na metrópole, mas fugia do materialismo científico de seu tempo. Um dia, ao ver um galho de árvore destroçado por uma máquina, sentiu fortes dores nos braços que se deslocavam. Mais adiante, começou a enverdecer em folhas e cascas. Entrou no jardim mais próximo. Enraizou-se.
escrito em 05-04-2008
domingo, 6 de abril de 2008
Paradoxo

Ameaças à vida e grandes carências materiais impregnavam seus genes. Na adolescência, em crise, engordou demasiadamente. Com o despertar da memória genética,à menor ameaça, o corpo passou a reter nutrientes e só eliminava em fases de paz e segurança. No lugar miserável e violento onde vivia, era um fenômeno: Tinha a aparência mais bem nutrida da aldeia!
escrito em 09-01-2008
sexta-feira, 4 de abril de 2008
Justiça divina
quarta-feira, 2 de abril de 2008
Da série Botânica Humana - A Tulipa
terça-feira, 1 de abril de 2008
Miragem
Sonhando ela via sua imagem espelhada na superfície do lago. Entretanto, o reflexo branco do vestido de noiva toldava a imagem escura que se formava sob as águas. Tão distraída estava que nem ouviu o bramido do jacaré, tão próximo!
escrito em 29-03-2008
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