terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Um ciclo econômico


Jamais conheci alguém mais sovina. Até seu respirar era ansioso, como se temesse esvaziar-se. Inspirava então, intensamente, para compensar todo o ar perdido.

Um dia encontrou o lugar ideal para construir morada e jazigo eterno. O terreno continha uma árvore perfeita, cujo tronco largo e forte, permitiu a criação de um vão onde colocou o vaso para defecar.
Seus dejetos, caídos dentro do fosso, alimentavam terra e árvore. Satisfeito, devorava-lhe todos os frutos perfazendo o ciclo vital com a garantia de nada perder!





escrito em 16-12-2007


5 comentários:

125_azul disse...

Isso é que é desejo de se perpetuar em eterna sovinice! Beijinhos

EDUARDO OLIVEIRA FREIRE disse...

O conto é maravilhoso. Mas tive medo do personagem!!!

Angela disse...

125
Talvez sim, mas quem sabe é um mítico transformador vivendo o ciclo da terra? Será que todos não fazemos isto de alguma forma?

Dudv
Interessante vc. ter sentido medo. De que, sabe precisar? fiquei curiosa sobre o que ele te passou para que tivesse medo!

Anônimo disse...

Adoro estes contos na mesma linha das cascudas : negros, surreais? Não sei que nome lhe dar, são excelentes.
Aquele ciclo vital em que nada era desperdiçado e a imagem tão ilustrativa são geniais.

Boas festas, Angela

Angela disse...

ma
Obrigada. Eu também gosto de temas mais "pesados" vamos chamar assim. Acho que são mais profundos e, mesmo na brincadeira surreal como o das cascudas, pode ser tirado algum proveito.
Um ótimo Natal e alegrias para você. bj.