domingo, 21 de outubro de 2007

Reposição

bill viola- mãos e água




Sua existência era árida. Velho e mesquinho, o medo de morrer na miséria só lhe trouxe mais pobreza e solidão. Quando o gato, sua única companhia, morreu, derramou-se em lágrimas. Tantas como a chuva que caía lá fora. Teve medo de secar ainda mais. Enterrou o bichano no canto do jardim sob uma fonte. Ali, mãos em concha, avidamente bebia.





escrito em 1º outubro 2007

7 comentários:

EDUARDO OLIVEIRA FREIRE disse...

Simplicidade que eleva!!

125_azul disse...

Em simbiose, que avidez doente, que fúria solitária. Continuo a perguntar-me como consegue transmitir tanto, tão economicamente.
beijinho, semmana feliz

Angela disse...

Obrigada aos dois!
Estou sempre meio correndo e atrasada para responder e agradecer a vocês. Ás vezes fico pensando como fazem os que tem milhares de comentários... uma secretária de blogues? Quem sabe uma nova ocupação surgindo?

Fábia disse...

gostei mamãe! fico feliz que vc descubriu essa vocação e essa diversão, às vezes queria ter mais tempo para brincar de fazer grandes histórias de poucas palavras. Beijo grande.

Angela disse...

Querida Fábia

Quem sabe daqui a 32 anos você terá tempo pra fazer coisas que nem sonhamos agora?
E, quer coisa melhor do que brincar de fazer e construir pessoas maravilhosas com, ainda, pouco tamanho?
Esta brincadeira não posso mais, só curtir muito!!!

Dona Betã disse...

A arte do conto é, em literatura, a mais difícil de atingir a perfeição. E este é perfeito. Não lhe chamaria "microconto"; antes uma grande lição de vida.

É este que eu levo.
Bjjj

Angela disse...

JG

É uma honra ter um conto levado ao seu magnifíco Zoo! Obrigada por tudo.