sábado, 2 de julho de 2011

A manta de família,




A manta de família,

guardada há anos, precisava ser lavada. Sob a água, a franja embaraçou. Ao tentar desfazer a trama, lembrou-se das moiras e foi separando fio por fio, pensando repetidamente, como em um mantra, que à cada nó desfeito, cada herança recebida seria dissolvida e o passado limpo. Ao terminar, manta seca, fios soltos, memória perdida.

escrito em 27-06- 2011

2 comentários:

EDUARDO OLIVEIRA FREIRE disse...

Seus contos que falam de memória são muito bonitos.

Angela disse...

Obrigada, acho que aprecio especialmente algumas "entidades" mitológicas, Mnemósine e Caronte, por ex. são bastante presentes em meus textos.