sexta-feira, 3 de junho de 2016

Caronte pessoal



No final dos anos sessenta eu trabalhava em um estaleiro na Ponta da Areia, em Niterói.
Com  horário flexível, ao terminar meu trabalho não usava a lancha da empresaPrecisava  atravessar uma faixa de mar entre a Ilha e a estrada que me levaria à estação das barcas para o Rio de Janeiro.

Esta travessia era feita em um pequeno barco conduzido por um homem simples e rude - encarquilhado pelo efeito do sal marinho.

Toninho usava um chapéu que cobria seu rosto tímido e conduzia o barquinho empurrando-o dentro da água através do mastro que fincava no fundo do mar e gerava o impulso.

Assim, ele era o meu Caronte pessoal, embora o Rio de Janeiro não fosse, ainda, o inferno em que se transformou.

Fevereiro de 2016

3 comentários:

EDUARDO OLIVEIRA FREIRE disse...

Adorei!!!

Angela disse...

uma verdade que virou conto por sugestão do Gorj!

Unknown disse...

Boa tarde Angela !!! Vc ainda faz mapa astral ??? Gostaria de refazer o meu.