quarta-feira, 16 de março de 2011

O urinol


Uma noite, em meio ao sono pesado, João mudou o urinol de lugar. Acordou súbito, a perna presa no buraco onde antes havia o vaso e o quarto de baixo exposto à sua curiosidade. Soltou a perna, mas não podia evitar espiar a vida do outro, um senhor austero e antipático, com o qual cruzava toda manhã no saguão do prédio. Às noites, ao chegar, o homem parecia se despir, mas quem deitava na cama era um ser diferente. A princípio imaginou uma amante, mas apenas a criatura com fartos seios e nádegas ocupava a cama e ninguém mais. Perdeu o sono, e a vigília permitia apenas que a visse acordar, pois ao levantar, desaparecia de seu campo de visão. Rápido, João se vestia e descia, ainda a tempo de encontrar o vizinho à saída do prédio, sisudo como sempre.


escrito em 15-03-2011

2 comentários:

EDUARDO OLIVEIRA FREIRE disse...

Conto interessante, vou ler ele de novo. Não vou escrever o que achei, para não viajar na maionese.

Angela disse...

Viaja sim Dudu, suas viagens são sempre interessantes mesmo que não sejam as minhas nem as de outros! Isso é ser um indivíduo e vc É!