sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Sintonia materna



Chuvas pesadas e constantes, hecatombe nas cidades serranas. Casas e corpos sob a lama e os dejetos afetando a distribuição de água na capital.

A mãe morava na serra, mas resolvera passar dias com a irmã, bem longe. Quando tudo acalmasse ia buscá-la para uns dias juntos na cidade grande. Calor excessivo. No banho, o chuveiro emperra, ah... as obras no prédio! No dia seguinte reclamaria com o síndico. Acorda suando, um pesadelo somado ao verão febril o faz retirar o chuveiro a refrescar-se com o jorro direto do cano. A água morna não alivia e ainda lhe acerta a cabeça com alguma coisa que a mão retira dos cabelos. Presa a um osso carcomido, uma unha humana. Horror! Ao fechar a água, um som metálico quica algo no ladrilho. No chão, um anel igual ao que dera à mãe no Natal.

Não, não havia chegado em casa da tia, conforme o previsto.


Escrito em 03-02-2011

2 comentários:

EDUARDO OLIVEIRA FREIRE disse...

O conto mostra o horror dos últimos acontecimentos. Se não existir força de vontade política para mudar isto, todo mundo sofrerá perdas terríveis.

Angela disse...

Sim Dudv, mas aqui só pretendi mostrar os meandros inexplicáveis do destino.