terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A visita

inverno intenso


Naquela manhã, ela ouviu um som delicado e insistente à porta de casa. O bosque, havia tempo, estava quieto e branco coberto pela neve incessante. Colou o ouvido na madeira e certificou-se do som, até que se dispôs a abrir a entrada apenas um ligeiro vão antes que a casa congelasse. Nada. Então o som foi substituído por outro, tão leve quanto o anterior, parecia água que caminhasse. Com o olhar, acompanhou as marcas úmidas que adentravam a sala até parar sobre o tapete diante da lareira acesa. Sentia a presença que não via, embora estranhamente não se amedrontasse. Sentou na velha cadeira de balanço e esperou, atenção fixa no espaço onde percebia a existência indefinida. Recostou-se e acompanhou a respiração quase etérea. Fechou os olhos enquanto o som se fazia cada vez menor até cessar. Entregou-se.


escrito em 18-01-2011

2 comentários:

EDUARDO OLIVEIRA FREIRE disse...

Vi a morte serena.

Angela disse...

sim Dudu, eu também!
Um beijo ainda quente!:D