
Adormecia a neta enquanto acariciava sua cabecinha. Para cada fio de cabelo contava histórias pequenas, pois o bebe pegava no sono e os fios, curtinhos, não permitiam contos longos. Com o passar dos anos, o cabelo crescia e as histórias tomavam formas novas e mirabolantes.
Quando a menina trançou as longas madeixas, logo as histórias da princesa, do jovem e da fada se mesclaram formando um belo conto. À noite ela dormiu e sonhou como jamais. Quando vieram novas tranças, ao romance da princesa misturaram-se as intrigas de uma bruxa, mas fios próximos, com história de pássaros, permitiram que a princesa fosse informada a tempo e o final foi feliz.
Algumas vezes os cabelos eram aparados nas pontas. Nestas ocasiões, os finais das histórias se perdiam e a avó aproveitava para criar novas soluções para os personagens, alegrando e enriquecendo os sonhos da menina.
Na medida em que se tornava mulher, as histórias rareavam e, muitas vezes o adormecer era o momento de conversar com a avó sobre fatos da vida. Então aconteciam histórias plenas de conselhos, permeados pela sabedoria da idosa senhora.
No dia em que a moça, de surpresa, resolveu cortar os belos cabelos, foi o tempo de se despedir de sua avozinha. Então uniu as mechas cortadas em larga trança e, como um livro, depositou-a em uma caixa junto com os textos de todas as histórias que lembrava.
Um dia, teria uma filha e uma neta e assim, os contos trançados continuariam.
Para Sofia, dos belos cabelos de ouro, uma história inventada na hora de dormir.
em 29-08-2010
4 comentários:
Vi um belo filme. Este foi o mais especial de todos os tempos.
Obrigada Dudu!
Neste dia eu adormeci minha netinha de três anos contando histórias com as mechas de seus lindos cabelos louros. Ainda houve a parte dos piolhos no forró, o que a fez rir muito, mas esta parte não contei pois tiraria o "clima"!
Lindo demais. Tem que se pensar em uma forma de transformar esse texto em algo concreto (não sei, em um quadro...) para que ela possa ter de lembrança.
E eu quero saber desses piolhos forrozeiros!
Bjks.
Lu, eu guardei este posto e mandei para a Fabia guardar também. Ela deve lembrar da noite em que dormimos juntas, sem "meninos" e quando contei a história.
Eu tive que cortar e cena dos piolhos porque não haveria sono possível. Os piolhos saiam pra as boates tanto na cabeça dela quanto na minha e pulavam fazendo cosquinhas e cafunés agitados, Então saltavam de um lado para outro, até que,encharcados de cerveja e pinga caíram duros e a história calma pode prosseguir.
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