quarta-feira, 15 de abril de 2009

Resistência


Os cabelos brancos caiam escondendo-lhe o rosto e os passos transidos simulavam a idade que lhe garantiria alguma segurança. Não podia correr e devia cuidar com desvelo do conteúdo de sua bolsa, mas teria que chegar em tempo à avenida, antes que o cortejo passasse. Eram seus últimos passos pelas ruas de sua infância. Em breve seu corpo explodiria levando consigo o visitante oficial e o déspota que o recebia. Afinal, sua vida dura e sofrida teria significado.

Escrito em 14-04-2009

2 comentários:

EDUARDO OLIVEIRA FREIRE disse...

Senhora com uma coragem que me dá medo, não sei se tenho coragem de fazer isto.

Angela disse...

dudv já houve muita gente que se sacrificou pela liberdade e por seus ideais. Mas, neste conto tentei passar que esta "senhora" era um disfarce, poderia ser um homem e nem velho precisava ser. Talvez apenas a palavra "simulavam" não fosse o suficiente.