
Semana santa, noite de quinta feira.Missa na catedral.
O sacerdote toma nas mãos o pão e o cálice. Dá graças, parte e reparte, dizendo: “Isto é meu corpo entregue, meu sangue derramado... minha vida doada... Façam o que eu fiz. Amem-se uns aos outros para que se realize o projeto do Pai... numa sociedade de iguais, de irmãos, sem excluídos...”
Tiroteio na rua. O jovem mendigo,magro,peito nu,blusa amarrada sobre a sunga, tenta se abrigar no átrio da Igreja iluminada.
Policiais o perseguem, atirando. No centro da nave, acuado, ele cai.
Os cabelos, ensangüentados, coroam sua cabeça.No peito, através da chaga aberta, o vermelho retinge o tapete desbotado.
O olhar esgazeado se fixa, vítreo, no nada.
O coro, lá do alto, continua seu canto:
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, miserere nobis.
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, dona nobis pacem.
escrito em 5 de abril de 2007
Postado em IDEÁLIA a 4/06/2007
2 comentários:
Sem palavras...
Dudv
Amén!
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