Feita em madeira de lei, na juventude tinha sido reta, sóbria e elegante. A preferida para escrever, trabalhar, estudar e até para comer. Um dia, perna quebrada, lá ficou no sótão, pensando-se abandonada. Reformada, ganhou peso e importância, mudou aparência e uso. Convidava ao repouso e à leitura.
A estrutura forte recebeu molas e tecido resistente, tornou-se quase uma poltrona e, nas dobras do assento, passou a ocultar moedas, cacos de biscoitos, pequenos objetos, bilhetes perdidos...
Hoje, usada por alguém quase tão antigo, tem o tecido roto, molas gastas e rangentes e guarda a história de quase um século de roncos, sonhos, lassidão e odores disfarçados.
Hoje, usada por alguém quase tão antigo, tem o tecido roto, molas gastas e rangentes e guarda a história de quase um século de roncos, sonhos, lassidão e odores disfarçados.
escrito em 24-02-2008 - 00h29’'
8 comentários:
Se esta cadeira falasse...
Daria uma belo romance.
Adorei o conto!!
Uma cadeira viva! Lindo...
Obrigada!
Perceberam a analogia com as idades de uma pessoa?
Uma cadeira que representa a "nossa" vida e a forma como ambas vão ficando envelhecidas.
Uma "estória" muito rica e diversificada, tal como a vida.
MA
Bela a foto.
A cadeira, virada para uma janela vazia de paisagem, prenuncia o vazio breve, a partida.
Muito bela, a analogia.
J.G.
Pode ser que, ao amanhecer, haja um belo céu azul lá fora e a partida seja a das sombras!
MA
Quase esquecia de ti!
Mas a cadeira rangeu e acordei!
Sempre bem vinda MA!
encantada!
Postar um comentário