terça-feira, 27 de novembro de 2007

Sonhos II

tela de Caspar David Friedrich





O sonho do caudaloso rio era tornar-se represa. Tinha vergonha de exibir sua intensa voluptuosidade assim, abertamente, sem pudor ou serventia.





escrito em 16-09-07

5 comentários:

EDUARDO OLIVEIRA FREIRE disse...

Ele quer ser doméstico? Deixar de ser selvagem? Conto profundo.

Angela disse...

deixar de ser selvagem sim, Dudv!
Não exibir sua potência, torná-la útil!

Huckleberry Friend disse...

Não somos todos um pouco assim? Quantas vezes nos falta a chispa para deixarmos correr livre o pensamento e a emoção? Como escreveu Mário de Sá-Carneiro:

Um pouco mais de sol, eu era brasa
Um pouco mais de azul, eu era além
Para atingir faltou-me um golpe de asa
Se ao menos eu permanecesse aquém!

Angela disse...

Huckleberry Friend

grata pela visita e pelo belo poema mas acho que a mensagem do rio não foi entendida por ti.

Ao rio não lhe falta chispa, não lhe falta nada, mesmo ao contrário, o que ele deseja é ser contido.

125_azul disse...

Esta metáfora brilhante...transformar o impeto em utilidade. Sim, faz todo o sentido. Beijinhos