domingo, 3 de maio de 2015

Tiquinho

imagem do google

Viviam nas ruas do bairro elegante da zona sul. Mãe, duas filhas e ele, do pai nada sabiam. Volta e meia adoeciam, comiam qualquer coisa que alguém lhes desse e brigavam, brigavam muito, pela vida.
Um dia, foram recolhidos e adotados por uma mulher piedosa que cuidou das feridas e doenças de todos e tentou lhes dar um lar. Elas acabaram por voltar às ruas. Ele, ainda bem pequeno e muito lindo, foi sendo cuidado e encantado. Ganhou irmãos, era bem alimentado, vivia com conforto e muito se divertia correndo e brincando nos intervalos das carícias do dia e da noite. Recebeu até um apelido, condizente com sua pequenez.
Passado quase um ano começou a emagrecer independente do que comia e dos exames que nada acusavam. Devia ser seu biótipo, alongado e esguio.
Ontem, noite alta, deixou-se morrer. Talvez não percebessem que se sentia preso, infeliz, desconfortável com o conforto.
Tinha nascido para ser gato de rua.

23 de abril de 2015



2 comentários:

EDUARDO OLIVEIRA FREIRE disse...

triste e belo. Gostei muito deste

Angela disse...

Foi muito triste a morte súbita deste querido tão pequenino.
Escrevi como uma homenagem.