quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Insepulto

imagem encontrada na web


Não tinha consciência, mas estava morto. Colarinho apertado, sapatos duros e o sempre paletó escuro traduziam a prisão em que vivia. Em sua realidade não havia espaço para alegria, cor ou movimento. Uma noite sonhou que algo o elevava salvando-o do túmulo onde se confinara - Dormia relaxado como nunca apoiado em galhos delicados, aparentemente tão frágeis e débeis como imaginava, fossem todos aqueles que sonhavam e buscavam as alturas.

escrito em 12-12-2008

5 comentários:

Anônimo disse...

Lindo!! Sem palavras.

Angela disse...

Obrigada Eduardo!

Ricardo Kersting disse...

Tens razão Angela! É uma pena que cada vez mais entremos dentro dos casulos apertados com temperatura controlada pelo ar condicionado!
Se pudesse eu também dormiria sobre frágeis galhos de uma pitangueira.
Saúde e luz

Angela disse...

Ricardo Kersting
Muito interessante observar as diferenças de enfoque. Quando escrevi este texto o fiz sob metáforas- A sensação de prisão é psíquica, controle dos sentimentos e da criatividade, os galhos, a aparente fragilidade das coisas do espírito. Você o leu sob o ponto de vista concreto, da matéria. Formas de ser- formas de ver!
Grata pela visita- apreciei suas obras.

Ricardo Kersting disse...

Também me referi sob metáforas, principalmente no caso do casulo com ar condicionado e finalmente a pitangueira que é intrínseca à convivência com meu pai.
Entendi perfeitamente onde quiseste chegar, só não fui tão lírico em meu comentário.