domingo, 17 de agosto de 2008

Quase uma criança

interferências sobre foto de push-pin


Ao entrar no banheiro, a moça que saía chamou sua atenção. Quase uma criança, extremamente pálida, parecia estar muito mal. Na cabine, o forte cheiro de sangue causa-lhe enjôo.
-Pobre menina, deve estar muito menstruada. Ao puxar o papel higiênico, a engrenagem do tambor emperra. Paredes e chão tingem-se de vermelho. Chama a zeladora. Ao retirar a tampa do aparelho, imprensados entre as voltas da bobina de papel, pedaços de um feto.



Escrito em 10-08-08 - 00h40’

5 comentários:

Anônimo disse...

Nossa... impactante...
Quem será a vítima? Ou as duas personagens.
Faz pensar...

canalsonora disse...

li o seu conto no letrario.pt, e depois consultei o seu microargumentos. tambem estou numa de microficção, enviei tambem para o letrario, vamos ver se tenho sorte. gosto do seu blogue, vou estar atento.
estou na blogosfera em canalsonora.blogs.sapo.pt
saudações

Angela disse...

Eduardo
Quem será a vítima? Que duas personagens? São quatro! A narradora, a jovem do aborto, a zeladora e a quase criança - o feto.
Será que não ficou claro?


canalsonora
Grata pela visita. Não consegui acessar o seu blogue- parece que é restrito. Assim não pude entender o que quis dizer com "estou numa de microficção". Se liberar seus escritos talvez eu possa te visitar.
Não te desejo boa sorte mas que tenha prazer em escrever. Até mais.

EDUARDO OLIVEIRA FREIRE disse...

Ficou claro sim. É que estava refletindo sobre as duas persoangens: a menina que fez o aborto e o feto. Quem será a vítima? a menina ou o feto? Para mim, as duas foram vítimas. Às vezes, viajo e fujo da história original. Vou viajar menos.

Angela disse...

Querido Eduardo
Viaja sim! Só tem que me dizer onde comprou passagem para eu ir junto com você e não ficar achando que não disse o que desejava de forma clara!
Obrigada por me explicar!