quinta-feira, 26 de junho de 2008

O inquilino

A coisa toda começou quando surgiram entregas para o numero 403 do prédio em que eu morava. Ora, como só existiam dois aptos por andar, a coluna 01 e a coluna 02, não poderia haver o numero 403. Na mesma ocasião, ao telefone, teimavam em falar com o senhor Ernesto do 403. Repetiam o numero solicitado, exatamente o numero de minha casa, e diziam corretamente o endereço e o bairro, com um único senão: o algarismo 3 que compunha o numero 400, inexistente até aquela data em que a portinha minúscula surgiu, como do nada ou de lugar algum.
Estava eu no quarto dos fundos, separando objetos sem serventia deixados pela tia Bertholda antes do retorno a São Petersburgo, sua cidade natal, quando ouvi um barulho pequenino e leve como o de um pássaro pousando na janela. Como não havia janela no aposento, poderia ser um rato, mas ratos não cantarolam notas musicais e nem projetam réstias de luz sobre o assoalho. E assim, seguindo o som e a luz, me deparei com a portinha minúscula na base da parede do quarto de despejos. Pois foi então que conheci o senhor Ernesto.
Meu inquilino, posso assim dizer, cantava lindas canções russas e seu apartamento era,sem sombra de dúvida,o 403!
Não preciso explicar que o Sr Ernesto fora exímio na arte de puxar, da minha morada, uma extensão de linha telefônica e outra de energia elétrica. Mas, consumia tão pouco o pequenino, bem menos que um passarinho!


Escrito em 25 de junho de 2008

2 comentários:

EDUARDO OLIVEIRA FREIRE disse...

Vi um filme. Muito Bom!!

Angela disse...

Dudv
Que legal vc. ter visto a historinha como um filme! Gostei deste enfoque!