quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Janelas



Amanhecia e antes de terminar sua carta despedida, a caneta falhou, sem tinta. Em vão buscou outra e enquanto vagava pela casa um barulho surdo na janela o levou a abri-la, dispersando o gás.
No parapeito, um pássaro ferido ocupou seu interesse. Esqueceu de si.  
Em outro ponto da cidade, a senhora acordou e levou a mão ao bolso onde mantinha o rosário. Ao rezar por seu filho, sentiu algo pegajoso no camisolão. Sob a luz tênue da janela, pode perceber a estranha tinta azul que manchava sua mão, as contas do rosário e o tecido.

escrito em 09-10-2012

2 comentários:

EDUARDO OLIVEIRA FREIRE disse...

Bonito é uma serie sobre missivas, que está fazendo?

Angela disse...

Não. foram poucas as séries que escrevi. Apenas uma ideia puxa outra... creio que o modo feminino de ser tem me atraído mais.