ficha do Dops
Identidade 
A 
repressão  continuava, 
embora  sem  
aparência  brutal . De 
um  dia  
para  outro  
suas  mensagens  foram 
devolvidas, seu  perfil  
nas redes  sociais  
apagado ; tentou 
correio  convencional  e 
as cartas  voltavam. Os 
vizinhos  não  
respondiam aos cumprimentos  e a 
venda  do bairro  
cancelou seu  fiado . 
Solicitados, 
novos  documentos  seguiam 
negados sistematicamente. Durante  
anos  tentou concursos  
em  todo  
tipo  de empresa  
sem  obter  
sequer  inscrição . 
De volta  a 
casa , ao vê-lo, o 
porteiro  apanhou o 
interfone  e se ausentou. 
Porta  trancada,  campainha  
muda . Voltou à rua  e 
dormiu sob  o viaduto  
na companhia  de um  
cão  vadio . Sentia-se 
perseguido, vigiado e assustado com  os 
efeitos  do medo  
sobre  sua  
mente  fragilizada.
No centro  da 
cidade , em  
um  velho  e decaído 
hotel , sob  
nome  inventado, 
conseguiu quarto . A cachaça  matou 
a dor  da fome . 
Antes  de dormir  encontrou uma 
arma , coisa  
estranha , na gaveta  da 
cabeceira . Deitou com  
ela  na mão . Na 
madrugada  acordou para  
urinar . Ao olhar  o 
espelho  sobre  a 
pia , deu com  
um  rosto  
suspeito , estranho  e 
perigoso . Sem  
pensar , atirou.
escrito em 18-08-2012


2 comentários:
Muito bom. Fiquei absorto até o final
Que bom! Muitas vezes temo que as histórias fiquem longas e duvido se publico.
Fico feliz que tenha prendido a atenção. Obrigada.
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