sábado, 18 de dezembro de 2010

Estrada para a China


Rotunda, vivia no ocidente e poderia ser classificada como mulher.

Quando se viu, a partir dos pés, pisava sobre estrada que a levaria bem longe e estranhou as imperfeições do pavimento. Algumas rachaduras e desníveis fizeram com que duvidasse que o caminho a levaria à China.

Mas era que estava. Chegou aquela cidade que mais parecia uma feira, plena de barracas com roupas e tralhas penduradas. Numa das tendas, foi atendida por uma chinesa que lhe apresentou estupendos mocassins em couro alemão castanho, perfeitos, macios e belíssimos. Calçou-os e ficou apreciando a delicadeza de seus pés dentro deles. Em seguida começou a vestir calça e camisa em tecido leve, talvez cambraia, em listas finas, suaves, corte impecável. Junto ao tornozelo, algumas pregas eram fechadas por uma alça do mesmo tecido. O mesmo ocorria nas mangas e o caimento era perfeito sobre sua silhueta, então magérrima e elegante.

Em meio ao tumulto do mercado, temeu perder-se e lembrou-se de olhar o caminho por onde viera, reconhecendo e gravando o percurso para a volta.

Então se viu numa casa agradável, janelas amplas, abertas e cheias de luz. Era dia e algumas pessoas, familiares, ali estavam. Reconheceu o irmão morto e, muito à vontade, descreveu-lhe as vestes que experimentara, certa de que seriam de seu maior agrado.

Em instantes suspeitou que recebera um aviso de mudança drástica em sua vida.

Seu sonho lhe contava sobre opostos - Estava no oriente, magra, era masculina e caminhava .

Seria seu último percurso?



2 comentários:

dudu oliva disse...

Conto instigante.

Angela disse...

Pois é Dudu! O sonho é que foi instigante.
Estive quase sem conexão por quase 15 dias. Agora vou ver se consigo voltar a postar e ler os amigos.